A fábrica da BYD na Bahia está prestes a se tornar um dos maiores marcos da indústria automotiva elétrica no Brasil.
Com investimento ampliado para R$ 5,5 bilhões e início da produção previsto para até o fim de 2025, o projeto da montadora chinesa em Camaçari coloca o Nordeste no centro das atenções do setor automotivo global.
A iniciativa, que começou com uma promessa de R$ 3 bilhões, foi redimensionada para atender à alta demanda projetada e à ambição da BYD de consolidar sua presença em território brasileiro, mirando não apenas o mercado interno, mas também potenciais exportações para América Latina e Europa.
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Investimento bilionário e protagonismo da Bahia
Desde o encerramento das atividades da Ford em Camaçari, a economia da região buscava uma nova âncora industrial. A chegada da BYD, em 2023, foi celebrada como uma vitória estratégica pelo governo baiano e pelo setor de mobilidade sustentável.
Com o investimento agora ajustado para R$ 5,5 bilhões, a nova planta terá capacidade inicial para fabricar 150 mil carros elétricos por ano, com planos de dobrar esse número em uma fase futura. A infraestrutura local está sendo adaptada para suportar uma operação desse porte, com foco em logística eficiente e sustentabilidade.
Fábrica da BYD na Bahia será referência em mobilidade elétrica
O projeto da fábrica da BYD na Bahia não é apenas um marco financeiro, mas também tecnológico. A unidade terá linhas de montagem voltadas exclusivamente à produção de veículos 100% elétricos, com previsão de fabricação de modelos como o Dolphin e o Yuan Plus – carros já conhecidos do público brasileiro.
Segundo executivos da marca, a planta baiana utilizará um modelo de produção verticalizada, o que inclui montagem de baterias e partes críticas do sistema elétrico, reduzindo custos logísticos e acelerando prazos de entrega.
Capacitação de baianos na China: transferência de conhecimento
Para garantir mão de obra qualificada e alinhada aos padrões globais da empresa, a BYD firmou uma parceria com o Senai Bahia. Em 2024, um grupo de 160 profissionais foi selecionado para capacitação, sendo que 100 deles participaram de um treinamento de três meses na China.
A proposta é que esses profissionais se tornem multiplicadores do conhecimento técnico adquirido, formando uma base sólida de operação local. A aposta em talentos regionais reforça o compromisso da empresa com a economia da Bahia e com a valorização de profissionais brasileiros.
Crise trabalhista e resposta institucional da empresa
Apesar dos avanços, a instalação da fábrica não passou incólume por controvérsias. Em dezembro de 2024, o Ministério do Trabalho encontrou 163 trabalhadores chineses em situação irregular na obra de construção da planta. As condições relatadas foram classificadas como análogas à escravidão.
A crise forçou o governo federal a suspender temporariamente a emissão de vistos de trabalho ligados ao projeto.
Em resposta, a BYD rompeu o contrato com a construtora Jinjiang Construction, responsável pela contratação, e reafirmou seu compromisso com as leis brasileiras.
A empresa também colaborou com as investigações e retomou as obras dentro dos parâmetros legais.
Projeções: uma nova era para a indústria nacional
A instalação da fábrica em Camaçari representa mais do que uma recuperação econômica regional. Ela simboliza uma virada de chave para o Brasil na corrida global pela eletrificação da frota automotiva.
A produção nacional de veículos elétricos deve baratear custos, ampliar o acesso da população e acelerar a transição energética no país.
Ainda assim, o projeto carrega desafios: desde a infraestrutura de recarga elétrica até a adaptação da cadeia de fornecedores.
Além disso, a concorrência internacional segue acirrada, com marcas como Tesla, Volvo e GWM disputando espaço nos mesmos mercados.
Mesmo diante dessas incertezas, a fábrica da BYD na Bahia se consolida como um dos mais ambiciosos projetos industriais do Brasil neste século.